«Well Enoch Powell is right, we don’t say that in public»
Here is a decent, ordinary fellow Englishman, who in broad daylight in my own town says to me, his Member of Parliament, that the country will not be worth living in for his children. […] What he is saying, thousands and hundreds of thousands are saying and thinking […]. We must be mad, literally mad, as a nation to be permitting the annual inflow of some 50,000 dependents, who are for the most part the material of the future growth of the immigrant descended population. It is like watching a nation busily engaged in heaping up its own funeral pyre.1
– Enoch Powell, «Rivers of Blood».
Este é o trecho de uma comunicação feita por Enoch Powell, deputado e político britânico do Partido Conservador. Figura controversa, «Rivers of Blood» é, talvez, um dos discursos mais sobejamente citados nos temas sobre política migratória, imigração massiva e substituição populacional, temas estes que só passaram a ser tratados há relativamente poucos anos, parecendo, assim, que se trata apenas de uma nova questão. Ora, «Rivers of Blood» foi proferido em 20 de Abril de 1968, numa reunião do Centro Político Conservador, em Birmingham, na Inglaterra. Powell foi imensamente criticado pela censura social e politicamente correcta – relembramos que foi já em finais da década de 70 –, acusando-o de fazer observações discriminatórias, ou de exagerar os números que teria previsto como consequência da irresponsável política imigratória na demografia britânica. Mas a censura social estava correcta em ter criticado a sua previsão: Powell ter-se-ia enganado nos números, porque subestimara a profundidade e gravidade do problema. Nove anos depois, o político conservador faria uma nova previsão:
My prospect is that politicians of all parties will say “Well Enoch Powell is right, we don’t say that in public, but we know it in private, Enoch Powell is right, and it will no doubt develop as he says. But it’s better for us to do nothing now, and let it happen perhaps after our time, than to seize the many poisonous nettles which we would have to seize if we were at this stage going to attempt to avert the outcome.2
– Enoch Powell, «Rivers of Blood».
Powell faleceria em 1998, sem ver alguma coisa a ser feita. Actualmente, mais de meio século passado desde «Rivers of Blood», vemos algumas atitudes entre os políticos ou outras figuras públicas sobre esta questão, mas todas elas não querendo resolver coisa alguma: uns dizem que é bom, porque é mais mão-de-obra, outros apenas negam a existência de tal substituição, ou ainda a desvalorizam, talvez sabendo que, numa sociedade multicultural, haja terreno fértil para a tirania liberal. O Povo, porém, está cada vez mais indignado com esta situação, e a indignação é de tal modo grande que, por vezes, vemos a racionalidade toldada pelas emoções, difíceis de conter, especialmente ante a possível extinção dos povos nativos à Europa.
Que é a imigração massiva?
A migração é a deslocação de pessoas que, por motivos socioeconómicos, abandonam as suas Pátrias, por uma vida melhor. Ninguém abandona a sua Pátria, a sua família, a sua terra de bom grado, a não ser que o migrante já esteja totalmente transformado nisso que se chama de «cidadão do Mundo»… É, portanto, sempre um fenómeno anormal. Muitas vezes o migrante é comparado ao refugiado. Em que medida se comparam? Existe alguma diferença? O migrante que se sinta forçado a abandonar a Pátria parece estar numa posição semelhante à do refugiado, que se evade do país por causa da guerra ou de perseguição política ou religiosa. Podemos dizer que o migrante é apenas o que se refugia da situação socioeconómica do país. O verdadeiro migrante não consegue – pura e simplesmente – viver sob determinadas condições materiais: ele é o refugiado económico.
A imigração, que é o fluxo para dentro do país, torna-se massiva quando: i) o Estado deixe de estar capaz de responder às exigências sociais, económicas, educativas, de segurança, justiça e bem-estar, causadas por essa imigração; ii) a comunidade de imigrantes passe a perfazer uma dimensão significativa, tal que o fenómeno de guetificação de torne inevitável; iii) a situação demográfica aponte para um crescimento desproporcional de não-nativos e a progressiva substituição populacional dos nativos, a curto, médio ou longo prazo.
Consequências da imigração massiva
Refiramos algumas ideias que pairam nas habituais discussões sobre o tema, relativamente ao primeiro ponto: a imigração tem contribuído negativamente para o aumento do preço da habitação, para uma sobrecarga da Segurança Social, do Sistema Nacional de Saúde e do sistema educativo, etc. Parece haver já estudos sobre estas temáticas, a maioria referindo que, por agora, os imigrantes contribuem positivamente para o Estado social, e que não há risco de colapso do mesmo pela imigração. Mas a questão permanece: com que custo?
Aqui entramos nos segundo e terceiro pontos. Os maiores defensores da actual política imigratória referem sempre que devemos ser «tolerantes» e lutar contra a xenofobia, alguns deles falando em integração. Em primeiro lugar, tolerar é o oposto de respeitar. Em segundo lugar, a luta contra a xenofobia trava-se pela integração das minorias que imigram para o nosso País, porque o único tipo de comportamento verdadeiramente anti-social não é dos nativos que querem permanecer com o seu modo de vida, mas sim daqueles que, vindo, acolhidos de braços abertos, nos exigem outro comportamento ou daqueles que dizem que os nativos não têm modus vivendi que defender, e a integração significa que quem vem acolhe, do modo como puder, com mediana diligência, o nosso modo de estar. A nosso ver, a integração é sempre algo infeliz, mas um mal necessário para manter a ordem pública, porque as consequências da não-integração são desastrosas. Do mesmo modo que é triste uma pessoa ver-se obrigada a sair da sua Pátria, triste é vê-la desenraizar-se, porque, na verdade, nunca será nativa ao país de acolhimento. A imigração massiva é razão de desenraizamento tanto dos nativos como não-nativos, é o caminho para a globalização individual das Humanidades da Terra.
A integração, todavia, é possível, e não raras vezes vimos imigrantes totalmente integrados na nossa sociedade, mas a capacidade de integração varia consoante dois factores: a) a distância civilizacional compreendida entre o país de origem da imigração e o nosso país; b) a dimensão das comunidades nacionais de imigrantes residentes.
Sobre o ponto a), a capacidade de adaptação de um catalão em Portugal é muito maior do que a de um bengali, e a capacidade de adaptação de um português na Catalunha é maior do que no Bangladexe. Isto trata-se do facto de haver uma maior semelhança genética entre as populações catalã e portuguesa, e de haver uma base civilizacional e axiológica comum, que é a da Europa, já para não referir que o catalão é latino como o Português.
Quanto ao ponto b), o esforço pessoal pela integração, aos olhos do imigrante, deixa de fazer sentido, já que se sente «em casa» numa comunidade significativa dos seus nacionais. Sentindo-se assim, deixa de tratar o solo, em que pisa e vive, como de outro para passar a tratar como seu. Este é o início de um processo auto-inflingido ou autónomo (por oposição a heterónomo ou inflingido) de guetificação. A partir daqui, é um movimento espiralar descensional: a comunidade aumenta, compra terrenos, fixa-se, as escolas ficam repletas de imigrantes de segunda ou terceira geração, até uma comunidade não-nativa reclamar o seu direito à auto-determinação, à luz, quiçá, do próprio Direito Internacional, contra a soberania territorial do Estado. A tentativa de um Estado em forçar a integração só irá aprofundar a potencial e explosiva tensão étnico-cultural de uma comunidade que descobriu o poder da sua dimensão significativa e recentemente adquirida. Esta tentativa de integração deixa de ser rapidamente apenas cultural, para passar a ser também jurídica: o enclausuramento de uma comunidade significa a possibilidade real de criação de um Direito autóctone não-nacional e a nominalização territorial do Direito estatal e nacional, ou seja, o Direito deixar de se aplicar nessa comunidade. Poucas soluções restam a um Estado nesta situação: uma delas é, precisamente, reconhecer o tal Direito autóctone como válido e incluí-lo no Direito estatal, numa espécie de criação de legislação especial para determinada minoria étnico-cultural, talvez à luz de um retorno aos preceitos legais das Ordenações Afonsinas3… É, para todos os efeitos, uma balcanização que poderia ter sido evitada.
Vemos aqueles que, justamente, se indignam com a exploração do trabalhador, mas que, com as emoções à flor da pele, desvalorizam o problema da substituição do nosso povo e chamam de «racista» ou «xenófobo» a quem se preocupa com tal. Vemos ainda aqueles que, justamente, com tal se preocupam, mas que, igualmente emocionados, desvalorizam a causa trabalhista, e rapidamente atacam qualquer minoria. Os liberais, porém, não querem saber nem do triunfo do Trabalho, nem da sobrevivência da nossa Nação, e são eles que ficam a ganhar com os pequenos conflitos entre a Esquerda liberal e a Direita reaccionária.
Quanto ao terceiro ponto, parece-nos claro que qualquer preocupação com o Estado ou a Economia se torna contraproducente quando as soluções impliquem a extinção do nosso Povo: é uma Nação, uma espiritualidade, uma língua, uma cultura que se perdem para sempre. Todos sabemos que Portugal tem população envelhecida, com uma taxa de fertilidade de 1,4, muito abaixo do índice de reposição demográfica de 2,1, que a população estrangeira é agora mais jovem do que a população portuguesa, em idade fértil e activa, e que as mulheres de nacionalidade estrangeira foram, em 2023, responsáveis por 17% do total de nados-vivos em Portugal4. Estes números levam-nos a uma conclusão revoltante. A perda de uma Nação é a perda definitiva de uma diversidade, é a perda definitiva de qualquer esperança de renovação cultural e espiritual da Pátria, porque a Pátria está intimamente ligada à Nação que se desenvolveu com ela, e ela com esta. Observamos que, em determinados lugares, principalmente rurais, as populações estrangeiras são já de uma dimensão tão grande que a paisagem humana está descaracterizada.
Causas da imigração massiva
Vemos que a imigração, por massiva que seja, é sempre bem-vinda pelo sistema. A racionalidade subjacente a esta atitude está no facto de, actualmente, esta imigração ser específica a países cujas pessoas têm baixa expectativa salarial. O patronato prefere sempre aquele que possa ser explorado sem grandes reivindicações laborais, ao contrário do trabalhador, neste caso português, que, comparativamente por exemplo com o bengali, tem maior consciência do seu impacto enquanto produtor e do seu poder de ajuste com o patronato. Ao mesmo tempo, o português pode vir a ver-se sem trabalho, sem futuro, caso os imigrantes com menor expectativa venham a diversificar a sua mão-de-obra em termos de ramos de actividade. Os imigrantes também não viriam não fossem as condições do país de origem. As elites liberais, governos, ONGs e Capital, é que são os verdadeiros responsáveis pela irresponsável política imigratória, não quem vem ou quem é de cá. Daí ter de haver um esforço conjunto e internacional contra o actual estado das coisas, porque, do mesmo modo que nos sentimos frustrados por ver os jovens saírem de Portugal, não se pense que os países de origem imigratória também não sintam o mesmo com os seus.
Parece-nos, inclusivamente, que os povos europeus são alvo de uma campanha de desenraizamento, de estrangeirização, de desculturação, não apenas pelo facto de os países europeus serem, pelas suas condições socioeconómicas, mais atractivos, mas pelo facto de uma Europa sã ser uma afronta ao poder unipolar dos Estados Unidos. Isto leva-nos ao seguinte ponto.
Outra das causas da imigração massiva é a instabilidade político-militar causa pelo poderio americano-sionista. Desde o anúncio da «global war on terror» de Bush que os Estados Unidos têm combatido em vários sítios do globo. Estas guerras do pós-11 de Setembro têm provocado um fenómeno de deslocamento em massa de populações, obrigadas a sair das suas terras pela guerra. Os países que mais vêm para a Europa neste contexto são a Líbia, a Síria, o Iraque, o Afeganistão e o Paquistão. Ao todo, os EUA forçaram entre 37 e 59 milhões de pessoas a saírem das suas terras5. Muammar Gaddafi teria avisado os países da OTAN de que a Líbia era o país-tampão da migração para a Europa, e a instabilidade da região significaria o início do fim. O assassinato de Gaddafi em 2011 pelas forças especiais norte-americanas significou uma nova era na demografia europeia. No entanto, a Europa não ouviu a advertência, porque não era do interesse ianque.
O esboço de uma solução
A política imigratória actual é defendida como solução ao declínio demográfico, mas solução mais sustentável para tal será o incentivo à natalidade. Como já referimos, a resposta à crise demográfica também passa pela cooperação com os países de origem, enquadrada numa mais vasta política de repatriação voluntária. Como Powell sugeria, é preciso criar desincentivos para a permanência e incentivos para o retorno da população imigrante. Do lado dos desincentivos, temos de compreender que uma política de fronteiras abertas é o equivalente a declarar a morte do nosso Povo, mas também é uma traição à classe trabalhadora nacional e um perigo para o nosso Estado social. É preciso tornar os critérios de obtenção de cidadania ou de benefícios sociais muito mais exigentes. Para os que cá residem, se não houver outra solução que não a da repatriação, o esforço de integração pelo Estado deve ser proporcional à capacidade de integração: quanto menos integráveis, mais atenção deverá ter o Estado a estas comunidades.
Do lado dos incentivos, encontra-se a política de cooperação. Esta cooperação passa pela criação de pontes com os países de origem para o repatriamento de cidadãos estrangeiros. Mas é também preciso que, nos países de origem, se fomente a consciência das massas trabalhadoras, a fim de que o patronato, internacional ou nacional, ceda às exigências das populações e que deixe de haver razões para a saída da população. Refira-se que a França, por exemplo, mantém uma política colonial discreta em 14 países africanos, para os quais imprime uma moeda colonial, o franco CFA, cobrando uma taxa de cunhagem. O Burkina Faso produz ouro e a França exige cerca de 50% daquilo que produz. Para o bem e para a sobrevivência dos povos europeus, é preciso extirpar com toda a prática colonial, ainda que disfarçada, porque é preciso deixar de haver razões para continuarmos a receber levas e levas de população não-nativa, contra a elite política e económica. É preciso, resumidamente, de socialismo, mas de um socialismo patriótico, isto é, para cada Pátria.
Faz sentido também, num contexto de política migratória que, pelo menos, se questione o papel do unipolarismo americano, responsável pela migração forçada em massa, o que implica uma aliança táctica de forças anti-unipolares. Esta aliança multipolar e iliberal ganha maior sentido quando reconhecemos que, por vezes, a imigração se torna fenómeno de desenraizamento, mas também causa, uma vez que quanto maior o desenraizamento, maior o fluxo migratório. É necessário criar Líbias para a Europa. Neste sentido, é preciso reforçar o sentido patriótico de serviço, tanto no nosso país, como também nos países de origem da imigração. A causa trabalhista ajuda a causa patriótica, e vice-versa, pelo que se compreende a tentativa de o capitalismo em sabotar qualquer causa, especialmente a que seja concomitantemente patriótica, trabalhista e multipolar.
Conclusão
Vemos aqueles que, justamente, se indignam com a exploração do trabalhador, mas que, com as emoções à flor da pele, desvalorizam o problema da substituição do nosso povo e chamam de «racista» ou «xenófobo» a quem se preocupa com tal. Vemos ainda aqueles que, justamente, com tal se preocupam, mas que, igualmente emocionados, desvalorizam a causa trabalhista, e rapidamente atacam qualquer minoria. Os liberais, porém, não querem saber nem do triunfo do Trabalho, nem da sobrevivência da nossa Nação, e são eles que ficam a ganhar com os pequenos conflitos entre a Esquerda liberal e a Direita reaccionária. A culpa não é do Islão, nem dos bengalis, nem muito menos dos portugueses «xenófobos» que se vêem substituídos.
Os responsáveis são aqueles que se sentam recostados nos centros de decisão política, subornados pelo poder económico ou inebriados por uma ingénua crença no liberalismo político, mas sempre afastados dos sítios em que se sente na pele as contradições da vida do quotidiano. Temos de garantir a existência da nossa Nação e da nossa Pátria, no espírito da sua cultura e do seu sangue. Tal exige-nos um esforço colectivo dentro do nosso país – acções de sensibilização para a questão da substituição populacional, estudos sérios sobre o impacto da imigração no Estado social, estudos ainda sobre o impacto sociológico, sobre os níveis de confiança social, etc. – e um esforço colectivo entre os países do Mundo, tanto aqueles que recebem esta imigração, como aqueles que sofrem da emigração. Por isso, contra uma economia injusta, uma geopolítica americana desestabilizadora, uma cultura liberal estrangeirada, unam-se todos os povos do Mundo.
Bibliografia
BritishActivism. (28 de Fevereiro de 2010). Enoch Interview 1977. Obtido de YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=3xGLmFNZ1tM
Observatório das Migrações. (Dezembro de 2023). Indicadores de Integração de Imigrantes 2023. Sumário. Obtido de Observatório das Migrações: https://www.om.acm.gov.pt/documents/58428/383402/Sum%C3%A1rio+REIII_2023_OM.pdf/446f0645-c79b-4e81-ae5a-320b79d48184
Powell, E. (1969). Freedom And Reality. Elliot Right Way Books.
Vine, D., Coffman, C., Khoury, K., Lovasz, M., Bush, H., Leduc, R., & Walkup, J. (21 de Setembro de 2020). Creating Refugees: Displacement Caused by the United States’ Post-9/11 Wars. Obtido de Watson Institute: https://watson.brown.edu/costsofwar/files/cow/imce/papers/2020/Displacement_Vine%20et%20al_Costs%20of%20War%202020%2009%2008.pdf
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