A Morte do Trabalhador Português
Vivemos numa era em que, dia após dia, vemos o modo de vida do trabalhador português a ser atacado de vários modos. Vivemos com um Estado complacente com a substituição populacional do povo português, enquanto que continua a permitir que este último viva em precaridade. Estamos numa altura em que praticamente um terço dos jovens portugueses são forçados a emigrar1. Somos os jovens melhor preparados de sempre, mas os que ganham independência mais tarde2. Estamos a perder jovens capacitados pelas nossas escolas e faculdades, estamos a perder potencial e futuro ao deixar estes jovens ir embora, estamos a perder mão de obra importante e que poderia ajudar a construir o nosso futuro.
Perdendo o futuro o que poderemos esperar do nosso país? Não temos tantos jovens como seria ideal para ter uma boa economia interna, não há capacidade de reter talento e bons profissionais e estamos num período onde muitas empresas preferem ter mão de obra estrangeira e muito precária. Ocorrendo, inclusive, situações onde a mão de obra portuguesa, em algumas firmas, é completamente substituída por estrangeira mais barata e menos qualificada. Com situações como esta como podem os jovens portugueses não sentir revolta contra o Estado que não os protege? Como não há um jovem português, que lutou e estudou em Portugal, de sentir-se completamente abandonado pelos seus?
Um emigrante que sai revoltado com o estado do país dificilmente retornará em definitivo. Será com certeza alguém que ama Portugal pela sua cultura, pela sua História, pela sua beleza natural, mas dificilmente voltarão a viver cá. A economia portuguesa não é atrativa ao regresso.
Com isto tudo, ganhamos uma população ainda mais envelhecida e vendem-nos continuamente a ideia de que temos de aceitar mais e mais migrantes para pagar as reformas, preencher os trabalhos que ficam sem posições e por muitos outros motivos. Mas, como referido anteriormente no artigo ‘Do combate sério à imigração massiva’ por Manuel Dugos Pimentel3, Portugal em nada beneficia com este fluxo de invasão ao nosso território, Portugal apenas perde. Perdemos a nossa identidade étnica, temos a nossa cultura diluída, temos o nosso futuro e a nossa economia hipotecada, ficamos com uma sociedade menos preparada, menos qualificada e menos inteligente – ficamos com uma sociedade fraturada.
Não minto quando digo que ao longo dos séculos a qualidade e seriedade do trabalhador português é reconhecida mundialmente – por isso é que com as nossas próprias mãos construímos um dos impérios ultramarinos mais fortes – foi o nosso suor e sangue que deu novos mundos ao Mundo, foi o esforço do nosso trabalho que ajudou a reerguer a Europa das trevas, foi a nossa fidelidade que permitiu que a Era de Ouro fosse duradoura. Nas décadas mais recentes, seja pela França, pela Suíça, Brasil, Estados Unidos, Austrália, Havai ou Japão os portugueses deixaram a sua marca, deixaram a sua obra e deixaram os frutos do seu trabalho. Os portugueses continuam a ser reconhecidos dentro e fora do seu país, mesmo por estrangeiros, pela sua capacidade de dedicação ao trabalho, pela sua ética e pelo rigor apresentado na labuta diária. Por mais que Jeroen Dijsselbloem esperneie, os portugueses não querem só boa vidinha4. Os portugueses trabalham e até demais.
Agora, se todos reconhecem isto, porque é que o Estado e o regime em vigor não valorizam e criam meio de captar e reter cá esta gente? Porque é que são priorizadas pessoas de regiões em que «ética de trabalho» e «profissionalismo» são expressões inexistentes no vocabulário? A resposta é simples: o regime em vigor quer a morte do trabalhador português.
Com tudo isto e com a importação de culturas inferiores para o nosso solo é criado o consumidor implacável, o fruto da miscigenação e da morte cultural. O ser que não se identifica com nenhuma etnia, com nenhuma nacionalidade, nenhuma cultura nem nenhum género. Um individuo sem objetivos ou sonhos para além do puro consumismo, um individuo que não tem nada conquistado, onde tudo é alugado e de consumo imediato, tudo é falso, tudo é playback. Um individuo que só vive no mundo material: o perfeito escravo. Em vez de ter religião, venera ídolos da Marvel; em vez de ter uma alimentação equilibrada, consome uma pasta de insetos; em vez de praticar desporto e passar tempo na natureza, vive num cubículo e passa o tempo numa realidade virtual e no sofá; em vez de ter uma relação amorosa, é viciado em pornografia. É este o futuro que nos aguarda, se Portugal e as outras nações do Ocidente não se erguerem contra os poderes instalados.
Acrescido a tudo isto, surge mais um perigo: muitas firmas com atividade em Portugal começam a globalizar as suas equipas, visto a mão de obra ser extremamente mais barata noutros locais. Departamentos inteiros são movidos para outros sítios enquanto os portugueses que já trabalham neles são colocados na rua. A legalidade deste tipo de ações é dúbia, mas esta é outra ameaça que surge para além da substituição populacional. Se os portugueses perdem os empregos para outros países, como é que poderão cá ficar? Se os postos de trabalho deixam de existir entramos em todo um novo ciclo de enfraquecimento da economia e de falha em reter o talento no nosso território, e isto é mais silencioso, porque não precisa de estar em solo português. O barato geralmente sai caro, porque estas trocas não se baseiam em melhoria de qualidade5, mas os poderes instalados não se importam de perder o que para eles são os trocos para poderem pisar mais o pescoço do português.
Urge encontrar-se e pensar-se em soluções, em medidas de proteção dos nativos, em medidas de retorno, medidas de repatriação dos migrantes, novos métodos fiscais, atomização dos trabalhos que realmente forem necessários e, acima de tudo, urgem medidas que coloquem sempre os portugueses primeiro. Não há hipótese de sermos cidadãos de segunda categoria no nosso próprio país. Não há futuro sem portugueses. Não pretendo, contudo, ser fatalista. Haverá sempre esperança enquanto entre nós existir vigor. Pretendo apenas lançar o aviso e causar reflexão. Somos um povo fundador de civilizações e temos de voltar a agir como tal.
“Acreditem em Portugal, porque Portugal está no mais fundo de cada um de vós e sem Portugal sereis menos do que sois”.6
Com a morte do trabalhador português morre a força motriz de Portugal, morre o motor, morre o coração. Tudo o resto desaparece. Sem portugueses, não há vinho da Bairrada, não há chouriço de Lamego, não há queijadas de Sintra. Sem portugueses não há Autoeuropa, não há Efacec, não há Viúva Lamego. Sem portugueses não há Castelo de Guimarães, não há Palácio de Belém, não há Universidade de Coimbra. Sem portugueses não há Portugal. Tudo o que somos e construímos passa apenas a ser uma miragem. Passamos a ser, como animais no zoológico, os últimos portugueses.
- Edgar Caetano. (16 de Janeiro de 2024). Quase um em cada três jovens nascidos em Portugal vivem fora do país. 2013 foi o ano com mais saídas. Observador. Obtido de https://observador.pt/2024/01/12/quase-um-em-cada-tres-jovens-nascidos-em-portugal-vivem-fora-do-pais-2013-foi-o-ano-com-mais-saidas/ ↩︎
- Sara Salgado. (12 de Agosto de 2020). Jovens portugueses deixam casa dos pais mais tarde do que na média da UE. EcoSapo. Obtido de https://eco.sapo.pt/2020/08/12/jovens-portugueses-deixam-casa-dos-pais-mais-tarde-do-que-na-media-da-ue/ ↩︎
- Manuel Dugos Pimentel. (8 de Fevereiro de 2024). Do combate sério à imigração massiva. Hostil. Obtido de https://hostil.pt/do-combate-serio-a-imigracao-massiva/ ↩︎
- Luciano Alvarez. (21 de Março de 2017). Dijsselbloem acusa os europeus do Sul de gastarem dinheiro em “copos e mulheres”. Publico. Obtido de https://www.publico.pt/2017/03/21/economia/noticia/dijsselbloem-acusa-paises-do-sul-de-gastarem-dinheiro-em-copos-e-mulheres-1765989 ↩︎
- Nikunj Dalmia. (20 de Abril de 2017). 95% engineers in India unfit for software development jobs: Report. Obtido em https://economictimes.indiatimes.com/tech/ites/95-engineers-in-india-unfit-for-software-development-jobs-report/articleshow/58278004.cms?from=mdr ↩︎
- António Quadros. (Março de 2020). Portugal, Razão e Mistério. Alma dos Livros e Fundação António Quadros. ↩︎
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